terça-feira, 8 de maio de 2007

Cedo Demais

O interfone tocou.
Silenciosos passos dolorosos
Atravessaram o longuíssimo quintal.
Um silencioso abraço seguido de pranto
Tornou óbvio o que acontecera.
Mesmo assim a pergunta escapou de minha boca.

Até hoje minha melancolia reflete
Continuamente tal cena aos meus olhos.

O destino, a natureza, O Senhor.
Seja o que for que rege
A sinfonia de nossas vidas
Impossibilitou para sempre
O doce abraço de formatura,
As aulas de direção
E as conversas de homem para homem.

As feiras dominicais de automóveis nunca mais seriam as mesmas.
Nossas vidas nunca mais seriam as mesmas.

Aquele volumoso bigode que o acompanhara
Desde minhas primeiras lembranças
Fora raspado dias antes
Simbolizando, segundo ele, uma nova vida.
E realmente o foi...

Quando vi pela primeira vez seu novo rosto,
Ele estava rodeado de flores.
Tarde demais.

2 comentários:

Virgílio Vettorazzo disse...

Putz, arrepiou.
Te admiro muito, cara. E esse sentimento, apesar de ser inimaginavel, me causa mais admiração ainda.
Agora você vai ter que bolar 50 outros poemas alegres, que talvez - muito talvez - consigam um terço, todos juntos, do sentimento desse.
Abração!

Virgílio Vettorazzo disse...

Valeu Roberto.
Pelo email que voce me mandou e pelo texto que eu releio agora, com uma interpretação mais próxima do que ele realmente representa.

Se é possível tal coisa, seu pai conhece, agora, minha mãe, e os dois a nós nos olham com a ternura e com o orgulho em nossos corações eternizados.

Obrigado, de novo.