terça-feira, 6 de março de 2007

Incontrolável

Essa é a história de luta de Dimas, um homem que sofreu durante toda sua vida por conta de um forte cacoete. Enquanto falava, volta e meia fazia involuntariamente um brusco solavanco com a cabeça para o lado direito. Apesar de na idade adulta ter vencido a vergonha de sua peculiaridade, quando criança sempre se lamentava:
- Por que justo eu tenho esse cacoete?
O tempo passou. Ele amadureceu. Tudo parecia estar melhor, mas o destino voltou com sua ironia. O pai de Dimas morreu brutamente em um acidente. Dimas estava perplexo no velório ao lado do defunto:
- Por que eu tenho essa porra de cacoete? Hein? To falando com você! Por que você me criou com essa merda de defeito?
A dor da perda fez com que ele quase enlouquecesse. Mas mesmo assim foi forte e continou. Arrumou um bom emprego e uma namorada. Alguns anos depois da tragédia, ele a levou ao restaurante que ela tanto sonhava. Queria surpreendê-la pedindo sua mão. Mas depois de tê-la convidado, ela passou a ter certeza de que o pedido viria naquela noite. Após algumas taças de vinho francês, Dimas começou seu discurso:
- Você não me respondeu. Por que o cacoete? Tô falando com você, narrador de merda. Por que não outra personagem? Por que eu? Responde seu bosta!
- Pára de gritar! Todo mundo tá olhando pra gente?
- Eu sou o protagonista caralho!
- Desculpa Dimas, mas eu vou embora. Acho que você bebeu demais…
Ela saiu do estabelecimento chorando e foi para sua casa. Dimas pagou a conta e também se foi. Mal entrou em sua casa, correu para o telefone. Estava furioso mas ligou para se desculpar.
- Não vou ligar porra nenhuma! Trata de tirar esse meu cacoete. Narradorzinho de merda! Aprende a redigir seu mané! Você já reparou no tanto de “mas” que você escreve? Hein? Usa sinônimos, imbecil. Que história fui me meter viu…

………………

Essa é a história de luta de Dimas, um belo homem com um físico atlético. Muito inteligente e sagaz é também um ótimo ciclista. Entretanto tem um problema: é gago.
Em seu quinto aniversário ganhou sua primeira bicicleta. Com o amor que lhe era característico agradeceu sua mãe:
- Ga-gago é a pu-puta que o pa-pa-pariu! Po-pode mu-mu…mu-mudar!
- Ah muleque mal criado! Toma essa!
Após a surra, sua gagueira milagosamente sumiu. Em seu quarto falou para si mesmo:
- Agora sim narrador! Agora vou contribuir com a sua história. Pode confiar em mim!
Ele cresceu colecionando medalhas e troféus de torneiros ciclisticos ao redor do mundo. Era um dos melhores ciclistas do planeta. No entanto, durante uma prova rompeu seu tendão de Aquiles. Submeteu-se a uma cirurgia que, devido a um erro médico, o deixou com o pé esquerdo torto para dentro. Uns amigos passaram a chamá-lo pelas costas de Curupira.
Sua deficiência fez com que ele deixasse as pistas. Mesmo assim continou lutando. Arrumou uma belíssima namorada e abriu uma escola de ciclismo. Certo dia, durante o horário de almoço, foi para a frente do prédio de sua namorada com um buquê de flores fazer-lhe uma agradável surpresa. Estava esperando na esquina enquanto repassava as belas palavras que falaria a ela:
- Enfia essas flores no seu cu seu filho da puta! Por que eu tenho que ter um problema físico? Você não consegue criar um protagonista normal? Vou dar um chute com meu pé torno na sua cara, seu viado!
Foi nesse momento que um caminhão desgovernado foi em direção ao nosso protagonista. Certamente iria atingí-lo e matá-lo quando Dimas suplicou:
- OK! Já entendi! Tá bom! Eu páro de reclamar. Não me mata, por favor!
E milagrosamente o caminhão conseguiu evitar o acidente.
Alguns minutos depois, sua querida namorada saiu do prédio. Porém, não estava sozinha. Um rapaz muito bem vestido a abraçava de um jeito muito carinhoso. De repente os dois se beijam. Dimas se conteve:
- Tá de palhaçada né? Porra! Aleijado e corno! Vai pra puta que o pariu!
Ao ouvir isso, o amante de sua namorada, que era lutador peso pesado de Jiu-Jitsu foi em direção a ele com tom ameaçador:
- Ei otário, o que você disse?
- Ai meu Deus! – A namorada de Dimas se assustou – Não faz nada com ele, por favor! Olha o pé dele…
- Cara, é esse narrador! Ele me fez gago, depois me curou. Depois me aleijou. E agora colocou você na minha vida pra roubar minha mina e me socar. Eu só quero ser normal! Por favor! Normal! Faça o que você achar que é justo. Quer me bater, me bata. Não reagirei…
- Sorte sua que além de aleijado você é louco. Senão eu te socaria aqui mesmo….Vamos embora gatinha.
- Hahaha…deu errado! Viu seu narrador de merda! Seu plano de me fazer apanhar deu errado. Eles foram embora. Não adianta você tentar. Ou você me faz normal, ou eu estrago seu conto. Eu posso não ter o controle total aqui, mas você também não tem o controle sobre mim.
Algo muito inesperado aconteceu. Um homem de terno preto e óculos escuros dobrou a esquina. Era conhecido como “O Narrador”.
- Finalmente eu consigo falar diretamente com você – Disse O Narrador a Dimas.
- Era só o que me faltava…
- Eu nunca tive problema com personagem alguma. E não será você que destruirá minha história. Se você não percebeu, essa deve ser uma história de luta e superação. O protagonista deve ter algo que faça com que os outros não o considerem normal. Mas no final ele vence os preconceitos e mostra que é igual a qualquer um.
- Olha aqui, o seu desgraçado! Ou você me faz direito ou eu não vou contribuir porra nenhuma e ainda te quebro aqui mesmo.
- Eu j
á cedi duas vezes. Não mudarei suas características de novo.
- Vai tomar no olho do seu cu!
- Dimas, essa é sua ultima chance.
- Vai se foder!
Foi aí que O Narrador sacou uma pistola automática e deu 5 tiros no peito de Dimas. Depois que ele foi ao chão, O Narrador disparou mais 7 vezes na cabeça do aleijado. Não satisfeito, começou a chutar o corpo ensanguentado.
- Parado! Polícia! Solte a arma ou atiramos!
O que a polícia não sabia é que O Narrador tinha uma arma escodida no
- Fogo!
No no lahefjcwekms

4 comentários:

Anônimo disse...

Olha meu irmao, tem que controlar o tamanho do texto. Dessa forma nem com a sacra paciencia da pra ler. Aproveita e muda o esquema de cores pois essa copia do blog do do Moby nao tà legal.

Jesus é o Senhor. Nao mano, Jesus é o Senhor. Nao, Jesus é o Senhor. Ta bom ta bom, eu sou Jesus. Mas nao conta pra ninguém hein.

Virgílio Vettorazzo disse...

auhauahuahauhauhauahu
Ficou muito massa Robertao.
Da hora pra caralho.
Me lembrou de um jogo de mega drive, "Comix Zone".
Muito bom mesmo...

Guilherme Woitexem disse...

hahahahahha

Muito bom o texto abraone, rachei lendo aqui.

Gustavo disse...

Brilhante. Parece até a menina do Mundo de Sofia na última parte do livro, quando a história chega à pós-modernidade e a narrativa volta-se sobre si mesma. Teu texto é do caralho brilhante (embora alguns, como esse "jesus" aí, não sejam capazes de entender a peripécia que você conseguiu fazer). Parabéns.